Políticas Editoriais

Foco e Escopo

O objetivo geral da Revista é o fomento e a divulgação do estudo da medievalidade. Isso significa que seu âmbito de abrangência atinge as mais diversas áreas da vida e do saber medievais. Busca, no entanto, implicitamente um direcionamento específico, destacando a linha mística, que é a expressão de uma espiritualidade mais aprofundada sobretudo dentro da religião cristã e dentro da própria filosofia e teologia. Isso porque compreendemos que o coração, a flor, da medievalidade se encontra na mística, como a elaboração mais refinada da gigantesca busca religioso-cristã empreendida pela medievalidade.

Sem ranço de condenação, mas com o objetivo de oferecer um instrumento de diálogo com uma perspectiva que entendemos ser mais efetiva, essa linha de fomento quer fazer frente também a uma onda crescente, e em certos aspectos superficial, de uma mística por demais exoterizante e distanciada do cotidiano e da efetividade de nossa vida.

O homem contemporâneo busca ansiosamente na religião um sentido para sua vida diante da dispersão e da exigência, cada vez maiores, provocadas pela cientificização técnico-econômica. O diálogo com a medievalidade, e sua mais refinada elaboração na mística, poderá trazer nova luz e renovar o ar por demais poluído pela obviedade e constringência técnico-científico-econômica. A tradição nunca é um reservatório passado, objeto da “história” e da pesquisa, meramente informativa ou edificante. A tradição é sempre o fundo nascivo, único lugar donde brotam/podem brotar novas perspectivas para o futuro do homem. A tradição é provocação, ela sempre fala, convoca e orienta o caminhar contemporâneo. Todo novo brota e se sustenta incondicionalmente do antigo, como toda floração não passa do vir à luz, à cor, do tronco e da raiz da árvore que se enraíza no escuro e profundo da terra.

A Revista se propõe ser um lugar de diálogo do espírito contemporâneo, não importando a configuração que assuma hoje, na busca de reorientação do sentido da vida. É com esse espírito pé-no-chão, de quem quer aprender e ser instrumento de aprendizado, que ela busca somar e contribuir com a pesquisa e divulgação existente nessa área. Esse pouco e apoucado de sua contribuição encontra-se resumido no título da revista, simbolizado com o nome Scintilla (centelha, minúscula partícula de luz e calor). A palavra Scintila, portanto, indica um direcionamento. Ela significa centelha, faísca, cintilação... É o abrir-se e fechar-se instantâneo da luz, sua manifestação e ocultamento repentinos. O apoucado e incontrolável dessa luz pode, na prontidão e disponibilidade humanas, iluminar todo um âmbito ou incendiar, como um raio que se abre e fecha num instante. Nessa palavra quer-se também deixar transluzir toda a questão da metafísica medieval da luz. Deus é luz, o intelecto e a alma humana, em seu fundo, à imagem e semelhança dele, são uma centelha divina. Na pobreza dessa limitação e prontidão, também essa revista quer ser uma centelha de luz, cintilação a iluminar a busca comum no intelecto e no espírito.

 

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