ECKHART E A NEGATIVIDADE*
Resumo
No desenvolvimento da tradição neoplatônica medieval, Mestre Eckhart desperta um especial interesse pelo uso frequente das fontes neoplatônicas em contextos e ambientes considerados aparentemente diversos de sua metafísica: por um lado, as obras escritas e planejadas em língua latina procuram estabelecer a perspectiva de uma ontologia, onde pôr em questão o próprio ser não é mais uma entre outras quaestiones, senão que atende à ressonância histórico-hermenêutica da exegese inspirada em Êxodo (3, 14); por outro lado, nas obras alemãs, o que se encontra é uma notada tendência à elaboração de uma henologia, investigando e indicando a primazia do Uno em face do ser. O que se procura aqui é interpretar ambas partes da metafísica eckhartiana, considerando que Ontologia e Henologia não se incompatibilizam nem se destroem mutuamente, senão que evidenciam compartilhar um mesmo fundo especulativo. Como hipótese interpretativa da metafísica eckhartiana, supomos que um conceito a ser conquistado aos textos serve de palav -guia: a negatividade. A partir desta palavra não se aponta para uma mera inversão daquilo que, historicamente, constituiu a metafísica como ontologia, como ciência acerca do ente ou do ser, ou mesmo como uma ontoteologia. A negatividade como conceito advém de uma interpretação metafísica que vê a emergência de algo que absolutamente não é um mero ente, senão que deve ser visto, emulando e de algum modo aprofundando Anselmo, como aquele do qual nada pode ser negado, como expressão máxima da negação, negatio negationis.
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